Lembrei-me de um jogo que ficou na história, uma verdadeira final antecipada da antiga taça dos campeões europeus: Benfica-Marselha - isto se não contarmos com um tal de Milão-Real Madrid que ficou 5-0 para os virtuais campeões depois de um empate a 1 na primeira mão.
Meados do princípio de 1990 (para um sportinguista, saber o ano já não é nada mau...), estádio da luz, segunda-mão das meias-finais onde o resultado da primeira-mão favorecia os franceses: 2-1, golos de Papin (2) e Lima para o Benfica, no Velôdrome. Na segunda-mão, ambiente escaldante como pouco se vê hoje em dia (bancadas cheias na luz...) num jogo em que só era preciso marcar 1 e não sofrer nenhum para passar à final. Marselha - com Jean-Pierre Papin, Chris Waddle, Francescoli e Mozer - e Benfica - Bento, Diamantino, Carlos Manuel, Magnusson, Valdo, Lima, Rui Águas, Veloso... e Vata, entre outros - vão aguentando o 0-0 até que, vindo do banco (alguns dizem do céu mesmo) apareceu o golo salvador. Num canto marcado por Valdo, Magnusson dá um toque leve na bola e aparece Vata a empurrar a bola com a mão. Explosão de alegria nas hostes benfiquistas, furor no país (dos, na altura, 8 milhões) e Benfica na final.
Ora, o que importa ressalvar no meio disto tudo é que o Veloso levou um amarelo a meio do jogo que o impediu DE IR Á FINAL!!! Meus amigos, como é que esperavam ver o Benfica ganhar (já agora, o Milão ganhou 1-0, golo de Rijkaard) com o Capitão de fora?? Já não se fazem Capitães daqueles, homens de barba rija, peito inchado, voz de comando na linha defensiva... pera aí, o Veloso não é nada disso... seja: com bigode, 1m65, 60 kilos e voz tão baixa e tão calma que quase nem era preciso falar... só o olhar dizia tudo. Já não se fazem heróis assim; o típico português, aquele que não nos invadia os televisores, não nos massacrava dia-sim dia-sim com os seus conhecimentos aprofudados, introspectivos e filosóficos de um Pedro Barbosa, com as lágrimas de um Bilro desempregado ou os remates - a fazer lembrar Isaias... mas pelo lado mau - de um Barroso: PORRA! Quero o meu típico tuga de volta, o homem sem voz de comando, 15 anos de braçadeira de capitão a escorregar pelo braço escanzelado de um barrigudo de 1m60 com 60 quilos... de cerveja no estômago e uns tremoços nos bigodes. Tá na altura de começar a ver os jogos das distritais tou a ver...
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